O Estado do Piauí é um dos mais pobres do Brasil; até as pedras sabem disto. Só à custa de muito trabalho, nos últimos 8 anos, conseguimos melhorar nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), chegando a 0,703 em 2008, e assim superamos o Maranhão e Alagoas, que respectivamente atingiram os IDHs 0,683 e 0,677. Com respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) Per Capita, todavia, continuamos com o menor do Brasil. Sendo este indicador nacional, em 2008, R$ 15.989,75 e o do Piauí R$ R$ 5.373,00. Diante deste quadro, devemos acolher e analisar ideias e projetos que prometem a superação do atraso.
Recorro à sabedoria popular para iniciar a análise da proposta de divisão do Piauí. Há um ditado que diz: “o apressado come cru”. E outro: “quando a esmola é grande, o santo desconfia”. Ora, os defensores da divisão do Piauí, trombeteando a leitura que fazem da experiência de Goiás e Tocantins, bem como do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, dizem que a divisão do Piauí é condição necessária, e quase que suficiente, para o desenvolvimento dos novos Estados: o Piauí e o Gurguéia.
Um assunto desta envergadura merece ser tratado com mais cuidado: não é fazendo da divisão do Piauí uma panacéia, capaz de superar todos os males deste sofrido pedaço do Brasil, que vamos extirpar as profundas vigas do atraso do Piauí em relação à média dos indicadores sócio-econômicos do Brasil. Esta tarefa, que permanece inconclusa e que vez por outra sofre terríveis reveses, exige cuidadosa leitura das razões do atraso.
Se retrocedermos às origens, vamos encontrar na pecuária e na agricultura de subsistência, ambientadas numa estrutura fundiária baseada no latifúndio, a principal matriz de uma formação social autoritária e resistente à mudança, mesmo que ao custo da estabilidade na pobreza. Mediante a reprodução espontânea dos rebanhos e a rudimentar agricultura, o Piauí reproduziu a pobreza e foi acumulando atraso em relação ao Brasil. O advento da integração de sua economia ao mercado externo – por meio das exportações de borracha, coco babaçu e cera de carnaúba – não mudou o quadro, pois se deu nos marcos do latifúndio, que passou a ser também rentista.
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