Revolveres, pistolas, escopetas e fuzis não são fabricados em metalúrgicas de ponta de rua. São grandes fábricas no Brasil e no exterior. Logo, o poder público dispõe de todos os meios legais e operacionais para fiscalizar e controlar o processo de fabricação de armas de fogo. Das fábricas as armas seguem para o comércio legal, que também pode ser facilmente fiscalizado pelos órgãos de segurança. Se assim é, e se o maior cliente de armas é o próprio Estado, por que há tantas armas nas ruas, nas mãos de bandidos?

Que lógica há na ação dos aparelhos de segurança do poder público estadual e federal ao focar o combate ao crime pelas conseqüências, isto é, as ocorrências de assaltos e assassinatos; enquanto parecem deixar de lado uma de suas principais causas: a enorme facilidade de acesso a armas de fogo. É esta que inquestionavelmente potencializa a ação do bandido. Sem dúvida alguma é a arma de fogo que deixa o bandido em extrema superioridade sobre suas vítimas.

Há perguntas que a sociedade precisa fazer e o Estado responder. Dentre elas destaco: Quais os caminhos do comércio ilegal de armas no Brasil e no Piauí? Qual o destino das armas apreendidas nas operações policiais? Se elas são destruídas, em quanto tempo isto ocorre? Qual o controle do poder judiciário sobre as armas arroladas em processos criminais? Quantas são? Em quanto tempo são destruídas? Que garantias tem a sociedade que estas armas apreendidas e aquelas arroladas em processos judiciais não retornam às ruas?

Entendo que é vital o controle do Estado sobre as armas de fogo. A eliminação do comércio ilegal de armas traria resultados imediatos na forma da redução de assassinados, assaltos e mesmo do tráfico de drogas. Se a ação das polícias civil e militar, bem como da polícia federal, tem se mostrado incapaz de reduzir o acesso de bandidos a armas de fogo, porque não utilizar o exército para dar suporte às referidas polícias em ações coordenadas de combate ao tráfico e à posse ilegal de armas de fogo? Isto aconteceu no Rio de Janeiro, numa operação de sucesso que deixou claro a conexão entre o tráfico de drogas e o de armas, mas também mostrou a capacidade que o Estado tem de, em ações articuladas, se sobrepor ao poder dos bandidos.

Não faz sentido dispor de tantos recursos humanos qualificados e de tantos equipamentos bélicos apenas para a eventualidade de conflitos externos ou de revoluções sociais e políticas, que estão fora de moda. As forças armadas dispõem de meios amplamente subutilizados. É hora então de, em articulação com as polícias militares e civis e as polícias federal e rodoviária, desencadear uma operação nacional de desarmamento e de combate ao tráfico de armas.

A sociedade agradeceria penhoradamente e o sentimento de brasilidade se tornaria ainda mais profundo, pois a paz é uma das mais belas marcas da nossa pátria.

Merlong Solano Nogueira

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