Na atual conjuntura, o PT vive a experiência nova, e difícil, de ser aliado e não “cabeça” do governo do Estado e, ao mesmo tempo, o desafio de conquistar no âmbito municipal espaço político compatível com a importância do Partido no Piauí e no Brasil. Para isto o partido terá que, em 2012, aumentar o número de vereadores  e prefeitos eleitos no interior. Ao mesmo tempo, será necessário ampliar, quantitativa e qualitativamente, a presença política em Teresina, ou seja, eleger mais vereadores e conquistar a prefeitura.

A capital do Piauí padece de um mesmismo administrativo que já dura mais de 20 anos. Trata-se de um modelo acanhando e fortemente assentado no clientelismo junto a uma ampla rede de associações de moradores, muitas delas de conveniência. Por conta desta política do feijão com arroz, baseada sempre em pequenas intervenções escolhidas a dedo, ao sabor dos acordos eleitorais com alguns vereadores, Teresina ficou para trás em áreas vitais de infra-estrutura urbana e do desenvolvimento econômico, tais como:

Trânsito:

> Sob o império dos semáforos e das limitadas rótulas, a cidade não dispõe de viadutos, que são necessários para eliminar diversos pontos de estrangulamento (exemplos: frei serafim, balão da Miguel Rosa com BR 316 e BR 343, balão da Tabuleta, praça do Marquês, etc.).

> Expandindo-se fortemente nas duas margens do rio Poti, Teresina precisa alargar as pontes da Frei Serafim e da Maternidade e construir novas pontes interligando as avenidas implantadas nos dois lados da cidade.

Drenagem urbana

> A cidade simplesmente não dispõe de um sistema de macro drenagem: as galerias existentes estão em péssima situação de conservação (como é o caso das galerias do Promorar, do Saci, do Mocambinho, etc). Diante deste quadro os pontos de alagamento aumentam a cada inverno.

Resíduos Sólidos

> Mesmo produzindo mais de 500 toneladas de lixo por dia, a cidade não dispõe de sistema de coleta e destinação auto-sustentável.

> Tudo o que a cidade opera é um aterro controlado, quando o conveniente seria combinar coleta seletiva com reciclagem e destinação do resíduo não reciclável a aterro sanitário.

> Em diversas cidades do Brasil, mesmo menores do que Teresina, o lixo já não é tratado como problema e sim como fonte de riqueza que produz dentre outras coisas: adubos, energia elétrica e diversos materiais recicláveis (vidros, plásticos, metais, papel, papelão, etc.).

Esgotamento Sanitário

> Dispondo de rede de esgotamento sanitário que só atende a cerca de 19% da cidade, as administrações de Teresina se acomodaram aos limites da AGESPISA e não buscaram alternativas para expandir um serviço, que é de titularidade municipal, e vital para a saúde e para o desenvolvimento urbano.

Economia e geração de renda

> Na área da economia e da geração de emprego e renda o desempenho de Teresina, sob o reinado tucano, foi sofrível. Mesmo sendo um centro regional, que só na grande Teresina agrega mais de 1,2 milhões de pessoas, o que configura um mercado em expansão, nossa capital não conseguiu elaborar e executar estratégias de atração de empreendimentos nos segmentos da indústria e da tecnologia da informação.

Turismo

> Em relação ao setor de serviço, que tem na educação, na saúde e comércio os pontos fortes, Teresina não concebeu nem executou, sob a gestão tucana, projetos estruturantes capazes de potencializar o turismo e melhorar a qualidade de vida. São dois rios com potencial turístico ignorado. Seguindo a fórmula do feijão com arroz, a prefeitura implantou o Projeto Curva São Paulo. O que deveria ser um complexo turístico tornou-se um retumbante fiasco, revelando desconhecimento de conceitos básicos da engenharia como o de “cota da maior cheia”.

> A capital não de dispõe de um centro de eventos, feiras e convenções; nem de ousadia no sentido de conquistá-lo.  Uma capital, não litorânea, que não dispõe de moderno Centro de Eventos praticamente abdica do turismo de negócios. É preciso deixar claro que um assunto desta envergadura não se resolve com reforma daquilo que já era acanhado. É preciso ousar e combinar as forças do poder público e da iniciativa privada, utilizado os modernos marcos regulatórios gestados a alguns anos, como é o caso da Parceria Público-Privada.

> O caso do aeroporto de Teresina é ilustrativo da falta de planejamento urbano, que levou a crescimento desordenado nas últimas décadas. Muito bem situado do ponto de vista aeronáutico por dispor de rota de aproximação  segura (o espaço aéreo correspondente ao percurso do Rio Parnaíba), o aeroporto tem hoje sua expansão afetada pela invasão de áreas afins. A própria prefeitura patrocinou o crescimento da cidade no entorno imediato do aeroporto, numa demonstração de falta de visão de futuro e até de previdência. Agora, “candidamente” muitos políticos de Teresina e do Piauí simplesmente querem que a INFRAERO construa um novo aeroporto (para se somar à rede de aeroportos deficitários que esta empresa já administra).

Diante de tal quadro, o partido que abriu as portas da política para a efetiva participação popular e, no governo, se mostrou  capaz de alavancar processo de crescimento com distribuição de renda, não pode ficar omisso. O PT deve se apresentar à população de Teresina como alternativa para colocar nossa capital no compasso do Brasil.

Alternativas de nomes não faltam ao partido. Dentre os muitos destaco: Wellington Dias, Antônio José Medeiros, Assis Carvalho, Jesus Rodrigues e Rejane Dias.  A passagem pelo governo do Estado complementou a experiência passada de convivência e diálogo com os movimentos sociais, preparando as pessoas acima e outras não citadas para a tarefa de melhorar as condições de vida de todas as pessoas que moram em Teresina.

A perspectiva de candidatura própria acima delineada não dispensa o diálogo com outras forças políticas. Ao contrário, ao entendimento como os movimentos sociais, culturais, sindicais e religiosos, devemos somar o diálogo como todas as forças políticas e empresariais da capital. O objetivo estratégico é o desenvolvimento com inclusão social.

Tendo este horizonte, devemos nos sentar a mesa com os demais partidos, mas não como figurantes; pois temos a responsabilidade de nos apresentar como a melhor alternativa para colocar Teresina na rota do desenvolvimento. Para isto é vital a definição de alianças programáticas, o que exige um amplo e profundo diagnóstico  da cidade e a elaboração de um programa de governo.

Efetivados estes passos e providências, mais adiante as considerações de estratégia eleitoral levarão às definições relativas ao embate de 2012: coligações, candidato(a) prefeito(a) e candidato(a) a vice-prefeito(a). Assim procedendo, o PT poderá ter candidato próprio à prefeitura de Teresina ou apoiar candidato de outro partido, que melhor viabilize a vitória do projeto pactuado. O que não é conveniente, o que não devemos fazer, é tomar estas decisões relativas a nomes e a alianças agora.

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