A locação de frota pode, sim, ser uma forma mais econômica e de melhor resultado logístico. Por isso, é adotada em inúmeras empresas e instituições nos mais diversos setores. O debate político não pode desqualificar essa prática moderna, sem discutir suas vantagens.

Nos últimos dias órgãos da imprensa noticiaram, em tom de denúncia, as despesas da AGESPISA com a terceirização de veículos. Curiosamente, parte destes órgãos não cumpriu sua responsabilidade de informar à sociedade, no tempo em que a AGESPISA era administrada com tanto descaso, que não pagava sua conta de energia elétrica, atrasava o pagamento dos salários dos empregados, devia às empresas contratadas para obras e serviços e não realizava investimentos. Em razão disto tudo a falta de água era constante, mesmo na capital do Estado.

Tudo isto hoje está resolvido e a AGESPISA paga sua conta de energia elétrica, paga os funcionários no último dia útil de cada mês, paga em dia as empresas que lhe prestam serviços. Além disto, a empresa realiza, em parceria com os governos do Estado e Federal, obras estruturantes como é o caso da substituição de redes antigas em Teresina, reforma e ampliação de estações de tratamento de água e o sistema de esgotamento sanitário de Parnaíba. Como resultado, a falta de água deixou de ser manchete de jornal.

Dentre as muitas decisões que levaram à recuperação da AGESPISA está a de substituir a frota própria de veículos por frota locada. Graças a esta medida a empresa melhorou a sua eficiência operacional, pois a existência de veículos em condições de uso é essencial aos serviços fins da AGESPISA: operação e manutenção de 177 sistemas de abastecimento de água e de 6 sistemas de esgotamento sanitário. Isto implica em cuidar de 34 estações de tratamento de água, 867 poços tubulares, 325 reservatórios, 8 estações de tratamento de esgoto, estações elevatórias de esgoto e de bombeamento de água e centenas de quilômetros de adutoras e redes de distribuição de água e de coleta de esgoto.

Ao fim e ao cabo, a terceirização de veículos é mais eficaz do que a manutenção de frota própria e não é mais cara, como se tenta passar à população. Dentre os aspectos negativos da frota própria destaco: imobilização de capital na compra de veículos; gasto crescente com a manutenção da frota; ônus com seguros e taxas; frustração dos serviços nos períodos em que os veículos estão nas oficinas; etc. Por outro lado, dentre os aspectos positivos da terceirização da frota ressalto: garantia de frota nova; fim dos gastos com manutenção; eliminação da imobilização de capital na compra de veículos; agilidade para rápido ajuste do número de veículos às necessidades do serviço; substituição imediata dos veículos danificados; maior facilidade de gerenciamento dos contratos de locação de veículos em comparação com os contratos de manutenção de veículos próprios.

Quem critica a terceirização de veículos pela AGESPISA, ou nunca administrou uma grande empresa, ou tem apenas interesse politiqueiro de fazer denúncias, mesmo que vazias. Quanto à polêmica entre caminhonetes e veículos populares, mais uma vez se revela a ignorância em relação à AGESPISA. Locamos automóveis para as atividades mais urbanas e pequenos serviços e caminhonetes para as muitas viagens e serviços que exigem transporte de equipamentos de maior porte e mais pesados. Seria loucura querer que os técnicos transportassem bombas hidráulicas e outros equipamentos em automóveis.

Desse modo, considerando que a relação custo-benefício no serviço de locação de veículos possui resultado positivo, se eventualmente retornássemos à presidência da AGESPISA continuaríamos o processo de reestruturação da empresa e manteríamos a terceirização de veículos, até que todos os automóveis e caminhonetes fossem locados, e que todas as unidades e cidades que precisam de veículos dispusessem deste meio necessário à melhoria dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

Teresina, 29 de abril de 2010

Merlong Solano Nogueira

Professor da UFPI, ex-presidente da AGESPISA

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