De modo sistemático, o senador Wellington Dias tem mantido a liderança nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Piauí. Acho este um dado animador, mas não considero que as favas estejam contadas.

Todos que queremos que o Piauí não desande e volte ao tempo do descontrole financeiro, do pires na mão para pagar a folha de pessoal, da venda da CEPISA também para pagar pessoal, dos constantes atrasos de pagamentos, da falta de recursos para investimento, precisamos estar atentos. Temos que ver estas pesquisas apenas como o retrato positivo do momento e continuar o trabalho de diálogo com todas as forças sociais, culturais, políticas e econômicas da sociedade.

O objetivo maior é evitar um retrocesso político, que poderia comprometer a estratégia de desenvolvimento implantada a partir de 2003. Já conquistamos muito; mas o espaço a percorrer para retirar o Piauí do atraso em relação aos indicadores do conjunto do Brasil é ainda muito grande.

Nesta caminhada foi fundamental a construção de condições de equilíbrio financeiro do Estado, para que o governador e sua equipe pudessem sair das agruras mensais do pagamento da folha de pessoal e dedicar atenção ao custeio, para melhorar os serviços públicos, e principalmente ao investimento, para reformar e ampliar a infraestrutura social e econômica básica, sem a qual a economia não cresce e assim não gera empregos e renda. Na vida real as coisas são assim, interligadas. Quando se tem que gastar mais com uma despesa falta recurso para outras despesas.

Por isto minha preocupação com o grave fato do governo do Piauí ter perdido o controle da folha de pagamento de pessoal em 2013, quando estourou o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal em mais de 63 milhões de reais. Parece que o velho clientelismo voltou como toda força em várias áreas, como é o caso do gasto com contratos de pessoal terceirizado que passou de R$ 521.764,33 em 2009, último ano de Wellington Dias, para R$ 44.302.476,62 em 2013, último ano de Wilson Martins.

Se as medidas corretivas não forem adotadas agora, pelo governo José Filho, e com a necessária profundidade o problema vai aumentar pois a folha por si está indexada a diversos gatilhos que lhe impõem o chamado crescimento vegetativo. São vantagens legalmente conquistadas por diversas categorias e que periodicamente acarretam aumentos de salários (por exemplo, os biênios). Há também o impacto do crescimento do salário mínimo, que deve continuar sendo reajustado acima da inflação.

Nesta hipótese nefasta de não correção imediata do problema da folha, que não está descartada em função do fato de que já estamos em abril e até agora o governo do Estado não anunciou nenhuma medida de controle da despesa com pessoal, o próximo governo começaria comprometido e levaria um ano e meio só pra arrumar a casa. Uma lástima; neste caso estaríamos mais uma vez descendo do bonde e ficaríamos apenas vendo o Brasil seguir em frente, como o Estado já ficou várias vezes em suas história.

Mas eu sou otimista convicto, o Piauí não aceita mais conviver com governo que não tenha capacidade de oferecer uma perspectiva de desenvolvimento e menos ainda de aceitar passivamente atrasos de salários. Por isto acho que o governo vai sair da letargia em que se encontra e adotar as medidas necessárias. Depois, no front político, quando chegar o momento, a população dará sua palavra final sobre que tem as melhores condições de liderar o Estado na arrancada final para acompanhar o Brasil.

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