Originada nos Estados Unidos, em 2008, a crise econômica segue ceifando empregos, agora com mais ênfase na Europa. Diante deste quadro, os pessimistas traçam o mesmo cenário para o Brasil. Em razão de interesses políticos, fazem vista grossa para o fato de que o País manifesta grande capacidade de enfrentar  crises.  Lula livrou o País dos piores efeitos da crise mundial, graças à coragem de romper com a receita do FMI e de usar o Estado para investir no crescimento da economia e na geração de empregos.

Claro que o Brasil sofre efeitos negativos vindos do mercado externo. Todavia, os indicadores macroeconômicos demonstram forte solidez de nossa economia. De acordo com o Banco Central: a) As reservas internacionais saltaram de US$ 86 bi em 2006 para US$ 372 bi em maio/12; b) o Sistema Financeiro Nacional tem ampla liquidez, expressa nos depósitos compulsórios ao BC   que saltaram de R$ 164 bi em dez/06 para R$ 396 bi em maio/12; c) a dívida pública líquida, como percentual do PIB, baixou de 60,4% em 2002 para 36,7% em 2011; d) A dívida pública bruta, como percentual do PIB, é uma das menores do mundo, 54,8% em 2011, contra 81,5% da Alemanha, 102,3% dos EUA, 120,9% da Itália e 229,8% do Japão.

São informações que mostram um Brasil preparado para continuar crescendo e melhorando a distribuição da renda. A elas se somam a melhoria da classificação de risco, com o Brasil obtendo grau de investimento;  o bom desempenho do País na recepção de investimentos estrangeiros que chegaram a U$ 67 bi em 2011, quando o México recebeu apenas U$ 19 bi. Além disto, os juros estão em queda, tanto a SELIC como as taxas cobradas a pessoas físicas e jurídicas; e a inflação, também em queda, caminha para o centro da meta.

Não se trata de concluir que o Brasil está imune à crise internacional; não está. A redução do crescimento econômico, principalmente da indústria, neste primeiro trimestre de 2012 atesta isto.  Daí, todavia, a propagandear o armagedom é um insulto à inteligência de todos nós e mais uma prova da miopia política de minorias saudosas de privilégios.

Atento, o governo Dilma sabe que precisa caminhar nas reformas estruturais para tornar o Brasil ainda mais autônomo. Dentre as reformas realizadas, destacam-se: a) criação do Fundo de previdência complementar do servidor público; b) Desoneração da folha de pagamento das empresas; c) Desoneração de investimentos em portos e ferrovias e redes de telecomunicações; d) Concessões à iniciativa privada: aeroportos (4 leiloados), rodovias, portos e ferrovias (em estudo). Ainda em fase de estudo se encontram a desoneração da energia elétrica  e a transformação do PIS e da Cofins em tributos não cumulativos.

Importante destacar a preocupação do governo com a qualificação da mão de obra, fator indispensável ao crescimento econômico sustentado. Nesta linha, o Programa “Ciência sem Fronteiras” já está disponibilizando 100 mil bolsas para graduação e pós-graduação no exterior, enquanto o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) realiza a expansão da educação profissional e tecnológica, adotando como meta a criação de  8 milhões de vagas nos próximos quatro anos.

Fica então evidenciado que o remédio para a crise é governar para todos, distribuir renda e implementar políticas econômicas próprias, recusando as receitas do FMI. Isto, o governo do PT começou a fazer com Lula e segue com Dilma.

Merlong Solano Nogueira
Professor da UFPI, Dep Estadual, Sec das Cidades.