Os graves problemas de Teresina, não resolvidos pelo PSDB e DEM durante mais de 20 anos, e as mudanças desencadeadas no Brasil e no Piauí por governos petistas a partir de 2003, exigem que o PT se coloque como protagonista no sentido de oferecer à população um programa de governo que possibilite a superação do atraso estrutural de nossa capital e a ampliação da presença do poder público nas periferias excluídas do desenvolvimento urbano e fortemente marcadas pela exclusão social.

Com a compreensão da responsabilidade de um partido que resgatou a esperança dos brasileiros e piauienses na possibilidade real do desenvolvimento com distribuição de renda, o PT deve se apresentar à população de Teresina, por meio de candidatura própria, como alternativa de superação do mesmismo administrativo, fortemente assentado no clientelismo, que domina a prefeitura da capital a mais de 20 anos.

Ciente da importância de alianças políticas, o PT deve construir sua participação no processo eleitoral valorizando a consulta a amplos segmentos sociais, sindicais, culturais e empresariais, bem como respeitando os demais partidos políticos, especialmente aqueles que compõem as bases de sustentação dos governos Wilson Martins e Elmano Ferrer. Este é o caminho para a composição de ampla frente de partidos com vistas a um possível segundo turno da eleição em Teresina.

De modo mais direto, quanto à tática eleitoral para 2012, sou favorável que o PT lance candidatura própria em Teresina, bem como o Diretório Municipal não aprove a ocupação de cargos na atual gestão da PMT, ficando este assunto de composição de governo como desdobramento das necessidades da execução de programa de governo aprovado pela população nas urnas.

A política se alimenta de gestos concretos e de discursos, mas aqueles valem mais do que estes. Neste sentido, nenhum discurso conseguirá esconder que o gesto da aceitação de cargos na prefeitura, neste momento, sem base em objetivos a serem atingidos por meio de programa de governo amplamente discutido, equivale à cooptação política embasada na priorização de cargos e, mais importante, sinaliza claramente para a sociedade que o PT estará, desde já, fora do embate majoritário na disputa eleitoral de 2012 em Teresina.

Acredito firmemente que este não é o caminho mais adequado para Teresina e muito menos para o PT. As pesquisas mostram que o PT é o partido preferido. Os fatos demonstram que o PT está mudando o Brasil e que, no governo, foi capaz de iniciar a mudança do Piauí, que desde 2005 é o Estado que mais cresce no País. O partido que está sendo capaz de fazer o Brasil crescer distribuindo renda, de retirar o Brasil das garras do FMI e de enfrentar com sucesso grandes crises econômicas internacionais, não pode, na capital do Piauí, jogar toda a sua história no lixo em troca do açodamento da aceitação de cargos.

Acredito, finalmente, que a aliança com o PTB de Elmano Ferrer é uma possibilidade. Mas o momento não é este, pois o quadro político da sucessão está ainda muito indefinido. E, principalmente, não é na forma de adesão por cargos que se constrói uma aliança duradoura e benéfica para a nossa capital. O PT pode sim apoiar criticamente o Governo Elmano por meio de sua bancada municipal, mas sem abrir mão da sua responsabilidade de apresentar seu programa e suas propostas à sociedade.

No momento certo, em 2012, o PT deverá sentar à mesa com os demais partidos e decidir a melhor estratégia eleitoral para a cidade aderir com mais força às mudanças em curso no Brasil. Até lá, o esforço do partido deve se dar no sentido de elaborar um programa para a cidade, que seja socialmente legitimado e tecnicamente fundamentado.
Merlong Solano Nogueira
Professor da UFPI, Dep Estadual, Sec das Cidades

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