Governo do estado mais rico do Brasil tem política de desqualificação dos sindicatos de trabalhadores e paga salário abaixo do piso nacional do magistério. O piso pago em SP até este mês é de R$ 2.577,74. Enquanto isso, o Piauí, um dos estados com menor orçamento do Brasil, já em 2018, pagava piso de R$ 2.910,00, portanto, acima do piso nacional definido pelo governo federal para 2020, que é de R$ 2.886,24.

 

Para se ajustar ao piso nacional, o presidenciável governador de São Paulo, João Dória, anunciou abono (não é reajuste). Enquanto isso, o Piauí, que já paga acima do piso nacional (R$ 2.910,00, que acrescido de auxílio alimentação chega a R$ 3.031), mandou PL à ALEPI com reajuste e alteração na carreira que elevam o menor salário para R$ 3.167,17. Destaco bem, o governo do Piauí está reajustando em 4,17% o salário de toda a carreira dos profissionais de educação, incidindo pois para ativos e inativos.

 

Em tom de vantagem, SP anuncia, em matéria publicada pela Folha de SP ontem, que em 2021 o menor salário será de R$ 3.500,00. Ora, ora, com nosso pequeno orçamento, já definimos em mensagem enviada à ALEPI que já este ano, no Piauí, o salário de entrada na carreira do magistério passa a ser R$ 3.595,12 pois os níveis da carreira que estão abaixo disso entrarão em extinção.

 

Além disso, o governador do Piauí enviou à ALEPI, na quinta feira (20/02), mensagem pedindo autorização para implantar, já a partir de abril próximo, auxílio alimentação para todos os servidores do Estado, civis e militares, efetivos e comissionados. Como os professores também serão beneficiados, podemos afirmar que, somando o vencimento ao auxílio alimentação, os professores ativos da rede estadual terão rendimentos que irão de R$ 3.303,68 até R$ 7.082,52.

 

Diante de um quadro como esse, acrescido das conhecidas dificuldades orçamentárias e financeiras por que passam todos os estados e municípios, pergunto: qual o sentido ou qual o objetivo de uma greve dos professores neste momento? Ela não conquistará nenhuma melhoria salarial além das já anunciadas e enviadas à ALEPI por uma razão bem objetiva: o orçamento do Estado não suporta qualquer acréscimo de despesa com pessoal, além do anunciado pelo governador Wellington Dias.

 

Nessas condições, mantida a greve, restarão seus efeitos negativos: desorganização do ano letivo, aumento da desconfiança dos alunos e de seus pais e mães em relação à capacidade da rede estadual garantir o regular funcionamento da educação, aumento da evasão, perda de matrículas e queda na receita do FUNDEB para o Piauí em 2021.

 
Merlong Solano Nogueira
Professor
Secretário de Administração e Previdência do Piauí

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