O salário mínimo é um dos principais indicadores da economia brasileira por razões fáceis de entender, entre elas destaco: a maior parte dos assalariados e também dos aposentados ganha um salário mínimo, assim como as milhares de pessoas que recebem benefícios de prestação continuada do nosso sistema de seguridade social. Além disso, faixas salariais um pouco mais elevadas são influenciadas pelo valor do salário mínimo, isto é, crescem ou estagnam junto com ele.

Os dados oficiais, apurados pelo IBGE, são claros em demonstrar que com Lula e o PT o valor do salário mínimo cresceu acima da inflação, fato que aumentou o consumo das famílias e ajudou a gerar empregos. Destaco a seguir os percentuais de crescimento real anual do salário mínimo em períodos recentes. De 1999 a 2002: 1,8%; de 2003 a 2005: 6,8%; de 2006 a 2010: 5,9%; de 2011 a 2014: 3,0% e de 2015 a 2016: 1,2%.

Fica evidente o ponto de encontro entre a era Fernando Henrique e a era Temer, quando o salário mínimo cresceu bem menos do que na era PT, especialmente nos governos Lula, de 2003 a 2010.

Agora devemos nos preparar para a era Bolsonaro. Como seu governo ainda não começou e ele ainda está só tuitando, o que nos resta é avaliar suas medidas concretas no passado. E a este respeito há duas que são preocupantes em relação aos interesses dos mais pobres: ele votou contra a legislação que beneficiou as empregadas domésticas e disse que o bolsa família era um desperdício, coisa de vagabundo.

Além do Bolsonaro, seu ministro da economia, Paulo Guedes, fala de temas que devem preocupar a quem ganha pouco e também a classe média. Um deles é vital, o sistema previdenciário. Pois é, o guru econômico do futuro presidente defende uma previdência baseada no modelo chileno onde o regime é de capitalização individual, isto é, cada um se aposenta com aquilo que conseguir poupar durante a vida profissional ativa. O resultado disso é catastrófico para os pobres e assim está sendo no Chile, onde a maioria dos aposentados recebe o equivalente a meio salário mínimo.

Para quem defende as épocas de crise como uma necessária depuração do sistema econômico e social, com os mais fortes sobrepujando e até eliminando os mais fracos, as perspectivas podem ser alvissareiras, mas para quem defende valores cristãos da solidariedade e limita o darwinismo aos reinos animal e vegetal, o tempo que se anuncia é de intempéries sociais.

Oxalá tudo isso se desfaça em letras sem sentido e o Natal nos traga um milagre que ilumine os próximos quatro anos.

Merlong Solano Nogueira
Professor da UFPI
Secretário de Governo-PI
Primeiro suplente de Deputado Federal-PI

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