“Hoje eu posso pisar nessa terra sem medo”, afirmou orgulhosa a agricultora Almerita do Nascimento, referindo-se ao fim da ameaça de despejo que pairava sobre as 120 famílias que vivem na Serra do Coroatá, município de Altos. “Graças a Deus a gente não tem mais pavor no coração”, contou ao falar sobre a decisão do Governo do Estado de desapropriar a área para garantir a permanência dos agricultores familiares.

Almerita  Almerita

Há dez anos ela chegava com dois filhos pequenos na Serra, fugindo de um casamento malsucedido, e durante esse tempo teve que enfrentar uma série de dificuldades, decorrentes principalmente da falta de água. “Quando a gente chegou aqui era só a mata fechada. Cada bolão de barro dessas paredes fui eu que coloquei com as minhas mãos. Tudo que eu pedia pra Deus era poder ficar com a minha casa”, disse Almerita.

“As famílias viviam situação de grande insegurança, com ordem de despejo, então fizemos um levantamento e constatamos que as pessoas estavam lá naquela área há quase onze anos e que nesse tempo o poder público fez importantes investimentos, como sistema de abastecimento de água, unidades de produção, instalação de luz elétrica e, diante desse quadro, sugerimos a desapropriação”, destacou o secretário de Governo, Merlong Solano.

LIDER PADRE JOÃO  MISSA EM COMEMORAÇÃO

Nesse domingo (23), a comunidade comemorou o desfecho dessa história com uma missa e um almoço, ocasião em que o líder comunitário conhecido como “Padre João” relatou as ameaças que sofreu e a esperança de que tudo fosse resolvido um dia. “Eu nunca deixei de acreditar que nossas preces seriam atendidas. O nosso povo é guerreiro e permaneceu unido diante de todas as adversidades”, relatou.

A jovem Yasmin Silva, que cresceu na Serra do Coroatá, diz que pretende viver a vida inteira no local. “Nós todos formamos uma família. Todo mundo se conhece. Aqui a gente tem sossego, diferente da vida na cidade. A única coisa que a gente tinha medo era de perder o que a minha mãe construiu com tanto sacrifício, que foi a casa e a plantação. Esse medo a gente não tem mais”, frisou.

FAMILIA DE AGRICULTORES FAMILIARES QUE VIVE NA SERRA DO COROATA  

A superintendente de Movimentos Sociais, Núbia Lopes, ressaltou a postura do Governo em defesa dos pequenos produtores. “A decisão judicial determinava a retirada das famílias e a polícia militar deveria cumprir essa decisão no prazo fixado, mas em uma demonstração de extrema sensibilidade e preocupação com o  ser humano, o governador Wellington Dias decretou a desapropriação”, declarou.

A área, de aproximadamente 300 hectares, foi reconhecida como de interesse social através do Decreto nº 16.140, publicado no Diário Oficial do Estado do dia 12 de agosto de 2015. Agora, os moradores têm novos objetivos, como a construção de uma escola na comunidade.

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