Bem no estilo petista o debate sobre a estratégia para 2012 está aberto; ocorre com transparência no seio das instâncias do partido e repercute na mídia. Há dois equívocos que algumas lideranças do PT de Teresina estão cometendo, diante dos quais não posso ficar omisso.

Na história humana, diante de anunciadas refregas – sejam militares ou políticas -, os exércitos, grupos e partidos procuram lançar mão dos trunfos que melhor os posicionam frente aos adversários. Isto é uma coisa lógica e vale especialmente para a política, onde o processo é muito dinâmico e o juiz, que é a sociedade, é muito exigente e não credita a nenhum grupo o benefício do monopólio da verdade.

Querer colocar Wellington Dias sob ultimato, com data marcada para decidir sobre candidatura a prefeito de Teresina, é agredir as leis do processo político. O quadro eleitoral da capital está longe da definição de suas tendências; assim é prematuro e temerário lançar candidato agora, quem quer que seja ele ou ela, especialmente o companheiro Wellington Dias, pelo que ele representa para o PT e para o Piauí. Do ponto de vista da dinâmica interna petista, é preciso lembrar que o PT de Teresina, assim como todos os outros, não tem dono e se faltar maturidade à direção municipal, como parece ser o caso, a direção estadual é instância legítima para tomar decisões que levem em conta o papel estratégico que a disputa política na capital tem no Piauí.

De outro lado, vir a público, reduzir Rejane Dias ao papel tradicional de primeira dama é fazer vista grossa para os fatos e, no mínimo, cometer indelicadeza que só pode ser corrigida com pedido formal de desculpas. É certo que em 2003 Rejane Dias era a jovem, bela e simpática esposa de Wellington Dias. Hoje, a estes atributos, ela adiciona muitos outros: mostrou trabalho e competência; tem personalidade e identidade política próprias; tem vontade e determinação para enfrentar as agruras da lida política; tem credibilidade perante largos segmentos da sociedade. Rejane Dias é hoje uma liderança política petista; e ela eu me solidarizo pois sei bem o que deve estar sentindo. Muitas vezes fui também acusado, dentro e fora do partido, de ser apenas cunhado do Antônio José Medeiros.

Alguns petistas mais antigos precisam superar o medo do surgimento de novas lideranças. Como membro do grupo original de fundadores do PT no Piauí, um pré-histórico, eu afirmo: a abertura de espaço para novas lideranças é condição essencial para o PT continuar sendo o principal partido político do Brasil, uma referência para o mundo, e para, nesta condição, continuar sua luta pelo aprofundamento da democracia brasileira, que do ponto de vista formal-político já é sólida, mas que precisa ser aprofundada no aspecto social, isto é, precisa reduzir as desigualdades sociais no que respeita à distribuição de renda e ao acesso a serviços públicos de qualidade.

Merlong Solano Nogueira
Professor da UFPI, Dep Estadual, Sec das Cidades

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